O que é ministração?
Motivado por uma discussão calorosa via MSN com o nobre colega
Marcio Borba, coloco a público este assunto. Informava ao amigo flamenguista que no último encontro da Rede Jovem (04/04)
Netinho, nosso mais novo companheiro de aventuras na Rede, fez uma participação especial cantando "
O tempo" do Oficina G3. (Aliás, há tempos não se tocava nada do G3). Netinho é músico, não é profissional mas já tocou em diversos grupos pagodeiros por aí. Apesar da influência de cavaquinhos e tamborins, curte muito Oficina e Resgate (ainda bem), esteve naquele dia pela primeira vez na Rede e está a pouco tempo (três meses) morando no bairro. Conheceu a Rede pelo
Orkut e pelo blog. Ele canta e toca, e gosta de fazer isso, e certamente pode ser um talento a ser aproveitado na igreja.
O Márcio, mais polêmico que Jorge Kajuru, não achou legal que, logo na primeira vez, o cara já "ministrasse para o povo lá em cima". Eu o alertei dizendo que o cara não fez nenhuma ministração, apenas cantou e só. Foi mais uma participação no sentido de apresentar o novo colega da Rede para todos, através da música.
A questão aqui não é julgar se Netinho pode ou não cantar na Rede. À ele, nossas boas-vindas (apesar de ser são-paulino e gostar de pagode) e que possa nos ajudar no trabalho para o Reino. Certamente deve haver uma consagração e um compromisso se, de fato, ele vier a ser um componente da banda.
A questão é: ele não fez nenhuma ministração, apenas cantou. E cantar é diferente de ministrar.
A tese do Márcio, na minha compreensão, é que qualquer um que fala "lá em cima" qualquer coisa está "ministrando ao povo". Isso me pareceu sem fundamento visto que, se fosse assim, todos seriam ministros. Mesmo que apenas estivessem dando os avisos da semana, fazendo um convite qualquer, fazendo a oração das ofertas ou mandando abraços para os amigos. Nesse sentido, conforme a lógica marciana, Netinho "ministrou sobre o povo" pois estava cantando no altar.
CANTAR basicamente é "executar com a voz uma composição musical". Cantar não é louvar. Cantar não é adorar. Cantar não é ministrar. Louvar, adorar, ministar pode envolver cantos, mas não depende deles. Está muito além disso. Se não fosse assim, qualquer cantor seria um adorador ou um ministrante apenas pelo fato de cantar.
MINISTRAR, conforme nosso bom companheiro Aurélio, envolve um CONJUNTO de funções eclesiásticas, como pregação, execução dos sacramentos, imposição de mãos, intercessão, ensino, louvor, liderança e administração. É a capacidade de fazer essas funções que define a pessoa como ministro ou ministrante. Se a pessoa apenas faz unicamente uma dessas coisas, ela será um pregador, um intercessor, um professor, um cantor ou um administrador. Ministrar, nesse sentido, tem a ver com agregar várias funções para si. Não seria o caso de nosso recém colega Netinho. Ele apenas cantou e só. Nem cumprimentou a galera direito, não porque é tímido (muito pelo contrário), mas porque estava surpreso com o convite e por ser a primeira vez.
Não posso dizer aqui se a canção dele subiu ou não até Deus como louvor e adoração. Só Deus pode saber, pois conhece os sentimentos e as motivações de cada um. Afinal, todo louvor é para Deus e não para as pessoas que "estão lá embaixo". É claro que todos que cantam "lá em cima" dever ter um mínimo de preparação, habilidade, consagração e responsabilidade. Estar no altar não é para qualquer pessoa, mas isso já é outro assunto. Podemos debater em outro momento.
Por outro lado, tomando como exemplo os colegas do Ministério Lucas Alexandre, podemos facilmente afirmar que ele são ministrantes que "ministram sobre o povo". É o que a ideia de "ministério" sugere. O Lucas não apenas canta ou louva quando faz suas apresentações: ele canta, prega, ensina, ora, impõe as mãos sobre as pessoas, incentiva a adoração e lidera um grupo que trabalha para a cura, batismo no Espírito Santo, salvação e arrependimento, entre outras coisas. Podemos dizer tranquilamente que ele é um ministro de Deus e faz seu trabalho conforme um dom ministerial dado por Deus.
Está claro que ministrar envolve um conjunto de coisas além de apenas cantar ou tocar uma canção. Cantar é uma atitude isolada, restrita, limitada. Ninguém pode ser considerado ministro ou dizer que ministrou sobre o povo apenas porque cantou na igreja ou falou no altar. A história bíblica mostra que os levitas tinham funções específicas no templo. No entanto, era o sacerdote o único ministro, quem efetivamente executava e era responsável pelas diversas tarefas nas cerimônias.
Não vou me alongar mais. Podemos discutir o tema e seus desdobramentos num de nossos encontros na Rede. Refletir sobre essas coisas é sempre bom para nossa edificação. E apelo aos visitantes costumeiros desta página que deixem seus comentários e pensamentos sobre o assunto, colocando lenha na fogueira.